Gases Renováveis
Os gases renováveis são formas de energia limpa, similares à eletricidade renovável, que podem ser injetados na atual rede de gás, permitindo assim a descarbonização da mesma, através da substituição do gás natural por estas novas soluções energéticas.
O Biometano (produzido através dos resíduos orgânicos) e o Hidrogénio Verde (produzido a partir da água) são as soluções mais evidentes para assegurar esta transição energética, permitindo, em conjunto, a descarbonização total da rede de gás em Portugal até 2050.
Pelas suas características, a produção destes gases renováveis será totalmente descentralizada e possível em qualquer região do país, sendo por isso um promotor do desenvolvimento económico e social regional, nomeadamente através da criação de empregos e de novas fontes de receita.
A transição energética apresenta-se hoje como uma das urgências mais críticas para a sustentabilidade do nosso planeta, tendo assumido um papel estratégico e político a nível global.
Para se concretizarem as metas ambiciosas traçadas, nomeadamente na Europa, é fundamental assegurar a maximização das melhores opções disponíveis, procurando o equilíbrio adequado entre as diversas soluções.
Neste sentido, os gases renováveis, como o Biometano e o Hidrogénio Verde, emergem como uma dimensão absolutamente vital, com soluções devidamente comprovadas, para um mundo mais verde e mais sustentável, assegurando uma transição mais equilibrada, justa e acessível para todos.
Mas, o que são exatamente os gases renováveis e por que são tão relevantes para nós e para o planeta?
A substituição do gás natural por gases renováveis tem um objetivo claro: a descarbonização da rede de gás. Isso significa reduzir drasticamente as emissões de CO2 associadas ao uso de gás, tanto em lares como nas empresas.
Sendo a rede de gás de Portugal, uma das mais recentes da Europa, já está hoje preparada para receber estes gases renováveis, sem grandes necessidades de adaptação.
Adicionalmente, porque a molécula do Biometano é praticamente igual à do Gás Natural, e porque no caso do Hidrogénio Verde prevê-se a utilização de uma mistura com até 20%, esta substituição do Gás Natural pelos novos gases renováveis não implicará qualquer necessidade de alteração de equipamentos domésticos ou de hábitos de consumo.
Assim, a transição para os gases renováveis será feita de forma natural, sem necessidade de alterações das nossas rotinas diárias.
Só a combinação de soluções de eletricidade renovável e de gases renováveis permitirá alcançar a ambiciosa meta de total descarbonização até 2050, alinhando-se com os objetivos globais de combate às mudanças climáticas e promoção de um futuro sustentável.
Por outro lado, ao maximizar o aproveitamento das infraestruturas já existentes e com menores custos de adaptação, a aposta na descarbonização via gases renováveis permitirá uma transição energética economicamente mais equilibrada para todos.
A transição para os gases renováveis é mais do que uma mudança energética – é uma oportunidade para construirmos um futuro mais limpo e sustentável.
Com o Biometano e o Hidrogénio Verde a liderar o caminho, podemos alcançar um sistema energético mais verde, que protege o planeta e as futuras gerações. A jornada rumo a um futuro energético sustentável está apenas no início, e os gases renováveis serão protagonistas nessa transição.
A transição para os gases renováveis é uma mudança energética necessária para atingirmos a meta de neutralidade carbónica em 2050, ou seja, termos zero emissões líquidas de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera. Os gases renováveis são, por isso, uma solução determinante para um futuro mais verde e sustentável.
O benefício mais evidente dos gases renováveis, como o Biometano e o Hidrogénio Verde, é a sua capacidade de reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa. Ao substituir os combustíveis fósseis por estas soluções renováveis, iremos diminuir drasticamente a quantidade de CO2 libertada para atmosfera. Esta é uma etapa crucial na luta contra as mudanças climáticas e no esforço para preservar o nosso planeta para as futuras gerações.
Os gases renováveis também promovem a segurança e a independência energética. Produzidos a partir de fontes locais, passaremos a ter um novo paradigma energético com centenas de produções e injeções na rede, reduzindo assim a dependência das importações de energia e aumentando a nossa resiliência energética. Isso significa passarmos a ter um fornecimento de energia mais diversificado, autónomo e seguro, deixando de depender de mercados externos de abastecimento.
Uma das grandes vantagens dos gases renováveis é a sua compatibilidade com a atual infraestrutura de gás natural. Isso significa que podemos utilizar os gases renováveis na rede de distribuição de gás já existente, sem modificações significativas, facilitando uma transição tranquila para consumidores domésticos e industriais. Essa compatibilidade garante ainda que a mudança para um futuro energético sustentável seja também viável do ponto de vista económico.
Os gases renováveis são grandes impulsionadores de uma Economia Circular. Vejamos um exemplo com o Biometano – os resíduos gerados por uma determinada unidade agro-pecuária irão produzir energia que poderá abastecer uma determinada região, incluindo essa mesma unidade que gerou os resíduos. Este processo reduz os resíduos enviados para aterros sanitários, mas também cria um ciclo de produção de energia sustentável e auto-suficiente, valorizando recursos que de outra forma seriam desperdiçados.
Um dos benefícios mais transformadores dos gases renováveis reside no seu potencial para impulsionar o desenvolvimento regional, através da descentralização da produção energética. Ao contrário das fontes convencionais de energia, que muitas vezes estão concentradas em determinadas regiões e requerem infraestruturas de transporte extensas e dispendiosas, os gases renováveis são produzidos localmente, em diversas regiões do país, estimulando o desenvolvimento económico e social de áreas mais rurais.
A produção descentralizada de gases renováveis tem o potencial de revitalizar economias locais, criando empregos diretos e indiretos relacionados com a construção, operação e manutenção de instalações de produção de Biometano e Hidrogénio. Além disso, ao valorizar resíduos agrícolas e outros recursos locais para a produção de energia, os gases renováveis podem gerar novas fontes de rendimento para as comunidades, promovendo a sustentabilidade económica e a diversificação do negócio das unidades rurais.
A produção de biometano oferece uma oportunidade única para o setor agrícola, permitindo que se tornem intervenientes relevantes na cadeia de produção de energia, em complemento com as atividades agrícolas tradicionais. Isto permitirá a geração de novas fontes de receita, a resolução do tema de tratamento de resíduos, a geração de emprego direto e indireto, contribuindo para o desenvolvimento geral da comunidade, com todo o ecossistema criado por estas novas unidades de produção de energia.
A capacidade de produzir energia localmente reduz a dependência de importações da mesma e permite uma maior autossuficiência energética das comunidades. Assim, é gerado um impacto positivo na segurança energética regional e na resiliência das redes locais de energia, ficando menos expostas à volatilidade dos preços de energia ou interrupções no fornecimento.
Todo o atual processo de transição energética em curso, com as ambiciosas metas definidas até 2050, tem estimulado uma forte inovação e evolução tecnológica do setor. Com a descentralização da produção de energia, para as centenas de unidades de produção estimadas, de norte a sul do país, essa inovação acontecerá em cada uma dessas comunidades, promovendo um ecossistema de desenvolvimento vibrante e sustentável.
Outro benefício crucial dos gases renováveis é a sua flexibilidade e a capacidade de armazenamento de energia. Contrariamente às soluções de eletricidade renovável, como solar ou eólica, que são dependentes das condições climáticas, os gases renováveis podem ser armazenados e transportados para serem utilizados quando e onde necessários. Esta característica é a melhor resposta ao desafio de fornecer energia renovável contínua, independentemente de variações na produção.
A inclusão dos gases renováveis como parte integrante da estratégia energética de um país não beneficia apenas o meio ambiente; também serve como um catalisador para o crescimento regional sustentável, promovendo a igualdade de oportunidades de desenvolvimento em todo o território. Este crescimento descentralizado é determinante não só para transição energética, mas também reforça a coesão social, económica e territorial, assegurando que todos os cidadãos possam beneficiar desta profunda transformação social. Assegurando ainda a sua total independência energética, em defesa de um futuro mais limpo, mais verde e mais sustentável para todos.
Face ao imperativo da descarbonização do setor energético, a Floene promoveu, com o apoio da Roland Berger, um estudo que define a possível evolução das redes de distribuição de gás até 2050, tendo em vista a sua completa descarbonização.
Este estudo, permitiu concluir que:
– A rede de gás terá um papel fulcral para alcançar as metas nacionais e europeias, nomeadamente com a injeção de gases renováveis como o Biometano e o Hidrogénio Verde.
– Uma descarbonização equilibrada recorrendo a gases renováveis e eletricidade alavancará as vantagens competitivas energéticas nacionais, minimizando investimentos e eimpactos operacionais e financeiros nos consumidores e processos produtivos
– São necessárias adaptações no atual enquadramento político-regulatório, que permitam a integração das redes dedicadas de hidrogénio no sistema nacional de gás, que crie incentivos à produção de biometano.
Existem caminhos alternativos para a descarbonização da rede de gás, que procuram equilibrar a eletrificação com a integração dos gases renováveis no mix energético.
O cenário de descarbonização equilibrada é o mais adequado para a transformação do setor energético nacional. Este cenário explora o potencial nacional de produção de gases renováveis e de eletricidade renovável, atribuindo a ambos um papel fundamental na descarbonização, porque:
– Beneficia do potencial de gases renováveis, eletricidade renovável e produção descentralizada
– Potencia a utilização de ativos existentes
– Aproveita vantagens competitivas de Portugal
– Minimiza investimentos e disrupções a nível dos consumidores finais e na gestão operacional da rede a longo-prazo
– Oportunidade para descarbonizar o setor residencial ainda abastecido por GPL
– Promove uma economia circular
Este cenário permitirá, em 2050, a injeção descentralizada na rede de ~13,8 TWh/ano de biometano, complementado por ~9,4 TWh/ano de hidrogénio verde. Para a Floene estes dados significam que a sua rede de distribuição passará inteiramente do gás natural para hidrogénio verde e biometano até 2050, resultando numa diminuição de cerca de 90% das emissões de CO2 por ano.
Além disso, uma descarbonização equilibrada não requer investimentos por parte dos clientes e permite uma transição mais rápida, sem disrupções e com uma tecnologia madura e em aplicação em diversos países europeus.
Biometano
O Biometano é um gás de origem renovável, produzido a partir da valorização e tratamento de resíduos orgânicos, que promove o desenvolvimento regional e a economia circular, beneficiando as Comunidades, as Famílias e as Empresas.
É um gás amigo do Ambiente porque, sendo produzido a partir da valorização e tratamento de resíduos, permite a redução das emissões de gases de efeito estufa, tendo um papel determinante na transição energética nacional.
Adicionalmente, pode ser injetado na rede de gás existente e consumido por todos, não havendo qualquer necessidade de adaptação ou substituição de atuais equipamentos ou infraestruturas. A forma como consumimos gás atualmente será igual com a utilização de Biometano.
Na busca contínua por um futuro mais verde e sustentável, o Biometano surge como uma estrela brilhante no universo das energias renováveis, permitindo a descarbonização da atual rede de gás sem qualquer impacto junto dos clientes ou necessidade de troca de equipamentos, podendo abastecer clientes domésticos ou industriais.
Mas o que é exatamente o Biometano, e por que ele é tão importante para nós e para o planeta?
O Biometano é produzido a partir do processo de digestão anaeróbia, onde, num ambiente livre de oxigénio, existe a decomposição de matéria orgânica. Essa matéria orgânica é proveniente de resíduos agrícolas, resíduos sólidos urbanos (fração orgânica), lamas de estações de tratamento de águas residuais, efluentes pecuários e resíduos agroindústrias.
O resultado é um gás renovável denominado biogás, que passa depois por um processo de purificação para chegarmos ao Biometano, que estará então pronto para ser injetado nas redes de gás, fazendo assim a substituição de um gás fóssil (gás natural) por um gás renovável (Biometano).
O Biometano é então um gás renovável produzido a partir do tratamento orgânico dos resíduos, permitindo a resolução do problema de tratamento dos mesmos, enquanto descarboniza a atual rede de gás.
Como o Biometano possui propriedades químicas idênticas às do gás natural, a transição para esta nova fonte de energia pode ser feita sem quaisquer alterações na infraestrutura existente ou nos equipamentos. Com um potencial de injeção em centenas de pontos diferentes ao longo da rede de gás, o Biometano pode abastecer já hoje famílias e indústrias, sem quaisquer impactos na sua forma de consumo de gás. Não tendo também necessidades de adaptação da rede de gás, teremos assim uma maior eficiência económica nesta transição energética, pela utilização dos ativos já existentes. Estudos realizados apontam que o Biometano poderá representar cerca de 60% do consumo total de gás em 2050 em Portugal.
Uma das maiores vantagens do Biometano é a sua capacidade de substituir já hoje o gás natural sem que famílias ou empresas tenham de alterar os seus hábitos de consumo ou trocar os seus equipamentos. Isto significa que podemos continuar a utilizar os nossos fogões, aquecedores, e outros dispositivos a gás, como sempre fizemos, mas de uma forma muito mais sustentável. Este é um benefício notável, pois simplificará muito a mudança para uma fonte de energia renovável, defendendo o ambiente sem impor custos ou inconvenientes adicionais aos consumidores.
O papel do Biometano nos objetivos de transição energética nacional será determinante. Perante o potencial de produção em Portugal e tendo em conta que não existe necessidade de alteração da infraestrutura ou equipamentos a gás, espera-se que, até 2050, represente cerca de 60% do consumo total de gás, desempenhando um papel fundamental na descarbonização da rede de gás e permitindo uma transição energética mais equilibrada, justa e acessível para todos.
O Biometano representa uma enorme oportunidade para avançarmos em direção a um futuro energético sustentável, com benefícios significativos para o ambiente, para a economia e para a sociedade. Com a adoção do Biometano, é dado um passo importante na redução das emissões de gases de efeito estufa, como também é assegurada que a transição para as energias renováveis seja equilibrada, acessível e sem impacto nos hábitos de consumo. Para além disso, é promovido o desenvolvimento socioeconómico de centenas de regiões que terão unidades de produção e injeção. O futuro é renovável, e o Biometano é, sem dúvida, uma peça chave nesse futuro.
Tudo começa com a coleta de resíduos orgânicos. Estes podem ser restos de alimentos que não comemos, resíduos de plantas e culturas agrícolas, efluentes pecuários provenientes de quintas, ou mesmo material orgânico proveniente de estações de tratamento de águas. Estes materiais, que muitas vezes são considerados inúteis e causam atualmente muitos problemas ambientais pela sua falta de tratamento adequado, têm na verdade um grande potencial energético.
Estes resíduos são então colocados em grandes tanques, chamados digestores anaeróbicos. Aqui, na ausência de oxigênio, micro-organismos entram em ação, decompondo esses resíduos e produzindo biogás – uma mistura de gases, incluindo metano, que é altamente energético. Para além do biogás, o processo de digestão anaeróbia também gera um composto pastoso chamado digerido. O digerido depois de tratado pode ser convertido em fertilizante ou adubo natural para a agricultura, devido à existência de alguns nutrientes vitais para o melhoramento dos solos.
Nesta fase, o biogás, embora já seja uma fonte de energia, contém impurezas que limitam alguns dos seus usos. Por isso, ele passa por um processo de purificação, onde é limpo e transformado em Biometano. As tecnologias mais utilizadas neste processo de purificação são a separação por membranas, lavagem com água, lavagem com aminas e a adsorção com pressão.
O Biometano é basicamente metano puro, estando agora pronto para ser injetado na rede de gás natural, substituindo este nas nossas utilizações domésticas e na indústria.
Embora o biogás possa ser utilizado para gerar eletricidade, converter biogás em Biometano e utilizá-lo diretamente como combustível é frequentemente mais eficiente (com ganhos de até 30% de eficiência). Isso ocorre porque, ao produzir eletricidade, parte da energia do biogás é perdida na forma de calor durante a conversão. O Biometano, sendo um substituto direto do gás natural, pode ser usado de forma mais eficiente e versátil, sem essas perdas.
A produção de Biometano cria também subprodutos muito úteis para a agricultura, promovendo a economia circular. Por exemplo, o digerido, que é o material restante após a digestão anaeróbica, é rico em nutrientes e pode ser utilizado como fertilizante natural. Assim, além de produzirmos energia, estamos também a contribuir para uma agricultura mais sustentável.
Adicionalmente, o dióxido de carbono é o principal subproduto do processo de limpeza do biogás, pois constitui aproximadamente 40% do volume total. O mesmo pode ser engarrafado e vendido para o setor das bebidas gasificadas, ou mesmo ser usado como agente oxidante para limpeza das águas de ETAR.
Em resumo, a produção de Biometano transforma o que seria resíduo em recursos valiosos: energia limpa para nossas casas e indústrias, produtos naturais para a agricultura e outras indústrias. Este processo encarna a ideia de uma economia circular, maximizando os recursos disponíveis, beneficiando assim o nosso planeta e a sociedade.
A decomposição natural de resíduos orgânicos em aterros produz gás metano (CH4), um potente gás com efeito de estufa. Quando libertado na atmosfera sem qualquer tratamento, o metano é 25 a 30 vezes mais potente do que o dióxido de carbono (CO2) na retenção de calor ao longo de um período de 100 anos, o que agrava significativamente o aquecimento global, mesmo em baixas concentrações.
A produção de Biometano a partir destes resíduos não só promove uma gestão mais eficaz dos mesmo, como também contribui para o combate ao aquecimento global. Isto acontece porque apesar de ser libertado CO2 na utilização de Biometano, esse CO2 tinha sido fixado pela matéria orgânica durante seu ciclo de vida. Assim, por ter origem biológica, a utilização não provoca o aumento de novas emissões, sendo o saldo de CO2 nulo. Em contrapartida, a utilização de combustíveis fósseis origina a libertação de CO2 retido no subsolo há milhares de anos, o que aumenta a sua concentração atmosférica e as alterações climáticas.
Além disso, a produção de biometano gera um subproduto valioso: um fertilizante orgânico. Este fertilizante pode substituir os fertilizantes químicos, reduzindo a pegada carbónica associada à sua produção e promovendo práticas agrícolas mais sustentáveis.
O Biometano é um exemplo prático de economia circular, transformando resíduos orgânicos de várias fontes em 1) energia renovável, 2) nutrientes para uso agrícola e 3) produtos químicos necessários para outras indústrias, reduzindo assim o desperdício e promovendo o uso eficiente dos recursos.
A equivalência química do Biometano com o gás natural permite a sua utilização sem modificações nos equipamentos domésticos ou industriais existentes, facilitando a transição energética sem custos adicionais significativos para os consumidores ou empresas. Também não são necessárias quaisquer adaptações da rede de gás, o que torna esta transição energética economicamente mais sustentável, com a utilização máxima das infraestruturas existentes.
Com a possibilidade de produção e injeção na rede de gás em qualquer região, são estimadas cerca de duas centenas de unidades de produção de Biometano em Portugal até 2050. Esta diversificação reduz drasticamente a dependência de fontes de energia importadas, aumentando a segurança energética tanto para países como para regiões específicas. Também é uma alternativa estável e segura para setores que não podem ser eletrificados.
A cadeia de valor do Biometano, desde a coleta de resíduos até a produção e distribuição de energia, será gerador de empregos locais e promoverá o desenvolvimento económico e social das regiões, especialmente em áreas rurais.
O tratamento adequado dos resíduos orgânicos permanece ainda hoje como um grande desafio para a sociedade, sendo responsável pela emissão de gases de efeito de estufa. A conversão destes resíduos em Biometano proporciona uma solução sustentável para este problema, reduzindo a quantidade de resíduos destinados a aterros e diminuindo a emissão de poluentes.
Com o aproveitamento de resíduos para a produção de Biometano, muitos agricultores descobriram uma nova e importante fonte de receita ou de redução de custos associados à normal gestão desses resíduos, promovendo a sustentabilidade económica e ambiental dos seus projetos. Adicionalmente, o processo de produção de Biometano gera subprodutos ricos em nutrientes que podem ser utilizados como biofertilizantes, promovendo a agricultura sustentável
A substituição de combustíveis fósseis pelo Biometano nos setores de transporte e indústria contribui para a redução de poluentes atmosféricos, melhorando a qualidade do ar e água, beneficiando a saúde pública.
A produção descentralizada de Biometano fortalece a resiliência das comunidades, permitindo-lhes gerir de forma mais eficaz os seus recursos e responder às suas necessidades energéticas de forma independente. As oportunidades económicas geradas com estas unidades de produção, aliada à criação de emprego de todo este novo ecossistema promove uma maior coesão territorial.
Ao diversificar as fontes de energia, com centenas de unidades de produção, contribui-se para a estabilização dos preços da energia, oferecendo uma alternativa mais previsível e, muitas vezes, mais acessível em comparação com os combustíveis fósseis voláteis.
O Biometano representa uma verdadeira revolução no mundo da energia renovável, oferecendo uma alternativa verde que pode ser utilizada exatamente da mesma forma que o gás natural. Apesar da sua origem renovável, a molécula do Biometano é idêntica à do gás natural, o que significa que o pode substituir totalmente em todas as aplicações atuais do gás natural, sem qualquer necessidade de adaptação ou alteração dos equipamentos existentes.
Esta compatibilidade única torna o Biometano uma escolha particularmente atraente e versátil, podendo ser integrado já hoje e sem necessidades de adaptação na infraestrutura de gás atual ou nas práticas de consumo.
Seja em residências, veículos, indústrias ou na produção de eletricidade e calor, o Biometano abre portas para um futuro mais sustentável, mantendo a conveniência e a eficiência a que estamos habituados.
Tal como utilizamos hoje o gás, o Biometano será utilizado para cozinhar, aquecer água e espaços nas residências, substituindo diretamente o gás natural. Esta é uma solução segura, eficiente, sustentável e competitiva, que permitirá o acesso democratizado às energias renováveis, de forma equilibrada e economicamente viável.
O Biometano terá um papel crucial nos diversos processos de produção nas indústrias pesadas (cimento, cerâmica, vidro, aço, metalúrgica, etc.), pois assegura as altas necessidades energéticas difíceis de colmatar com a eletrificação. Será também uma solução para as indústrias que consomem já hoje gás natural e que não estão disponíveis para fazer investimentos na adaptação de equipamentos e processos de produção para utilização de outras fontes de energia. Pode servir também como matéria-prima para processos industriais variados, incluindo a produção de produtos químicos, contribuindo para a redução da dependência de combustíveis fósseis. Como exemplos, temos a sua utilização como uma fonte reativa de carbono na produção de fertilizantes (processo de Haber-Bosch) ou em processos de redução no minério de ferro.
Além de poder ser uma fonte de energia para máquinas agrícolas, contribui para o desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável. Também pode auxiliar no consumo interno de uma quinta nos processos de secagem e alimentar a operação dos biodigestores em unidades agrícolas com produção própria de Biometano.
O Biometano apresenta-se uma opção de energia renovável para hospitais, escolas, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais, podendo substituir totalmente as atuais utilizações de gás natural, sem a necessidade de substituição ou adaptação de equipamentos.
O Biometano poderá ser utilizado como combustível limpo para transportes, especialmente em veículos que operam com gás natural comprimido (GNC). Neste setor estão incluídos o transporte terreste de passageiros e mercadorias, para a classe dos ligeiros e pesados.
O Biometano pode ser utilizado em sistemas de cogeração para produzir eletricidade e calor de maneira eficiente, atendendo às necessidades de indústrias e edificações.
Na Europa, o Biometano tem emergido como um componente vital na transição energética para uma economia mais sustentável e circular. O continente europeu é atualmente o maior produtor mundial de Biometano, com potencial significativo para expansão futura. No final de 2022, cerca de 1.323 unidades de produção de biometano na UE produziram 4,2 mil milhões de metros cúbicos (bcm) de Biometano, representando 44 TWh de energia, que reflete um crescimento de quase 20% face ao ano anterior. – 58% das centrais de biometano atualmente ativas na Europa estão ligadas à rede de distribuição e apenas 19% estão ligadas à rede de transmissão.
Estima-se que quase 18 mil milhões de euros de investimentos serão direcionados para a produção de biometano na Europa até ao final de 2030[1] e que a Europa será capaz de produzir 111 bcm de biometano até 2040[2], prevendo-se que os maiores produtores sejam a Alemanha, a França, a Espanha, a Itália, a Polónia e o Reino Unido.
Atualmente, os países líderes na produção de Biometano incluem a Alemanha, a França e a Dinamarca. A Alemanha é o maior produtor de biometano, onde, em 2022, se situavam 19% das centrais europeias, registando 13 TWh de produção de biometano, 1,1 TWh dos quais foram utilizados no setor dos transportes. Em 2022, de um total de 254 unidades de produção, 52 centrais estavam ligadas à rede de distribuição e 106 à rede de transporte.
França lidera em número de unidades (514 centrais de biometano ativas no final de 2022), traduzindo-se no país onde o setor do biometano tem o crescimento mais rápido da Europa, mas com uma produção acumulada menor (6,9 TWh) comparativamente com a Alemanha, por exemplo. Todas as centrais de biometano francesas estão ligadas à rede de gás: 443 estão conectadas à rede de distribuição e 71 à rede de transporte. A revisão do Plano Nacional de Energia e Clima francês, apresentado à Comissão Europeia no final de 2023, prevê a obrigação legal de 15% de biometano no consumo total de gás do país.
Já a Dinamarca tem registado um crescimento significativo, passando de 1 central em 2012 para 59 centrais em 2022, traduzindo-se em 6,7 GWh de energia produzida. Em agosto de 2023, estima-se que a quota de biometano na rede de gás dinamarquesa terá atingido 39,4% e a intenção do governo dinamarquês será aumentar a produção de biometano para um nível em que possa substituir 100% da procura de gás antes de 2030.
As políticas de incentivo variam significativamente entre os países, afetando tanto a produção quanto o consumo. Embora a Alemanha e a Áustria se tenham concentrado em subsídios para a produção de eletricidade a partir de Biometano, outros países, como a Suécia, incentivam mais o consumo, especialmente no transporte
[1] Fonte: EBA Biomethane Investment Outlook 2023
[2] Fonte: Guidehouse Europe & EBA Biogases towards 2040 and beyond 2024
H2 Verde
O hidrogénio é das moléculas mais abundantes no universo, desempenhando um papel fundamental na composição da matéria cósmica.
O Hidrogénio Verde, que se tem vindo a destacar no panorama das energias renováveis, não é apenas uma nova energia renovável, mas um marco no caminho para um futuro sustentável.
Produzido com energias renováveis, através da eletrólise da água, este processo inovador separa as moléculas da água: hidrogénio, por um lado, e oxigénio, por outro. Ao contrário das fontes de energia convencionais, o Hidrogénio Verde é um gás renovável que, quando queimado, não produz gases de efeito de estufa, libertando apenas vapor de água para a atmosfera.
Utilizando eletricidade proveniente de fontes renováveis para alimentar a eletrólise, assegura-se que a produção do Hidrogénio Verde seja sustentável e livre de emissões prejudiciais, marcando uma diferença significativa na redução da pegada de carbono.
O Hidrogénio Verde apresenta-se como uma solução de eleição para descarbonização do setor industrial, especialmente nas indústrias com grandes necessidades de poder calorífico, em que as soluções elétricas não conseguem responder.
Adicionalmente, a sua capacidade de se misturar com o Biometano ou o gás natural, em percentagens até 20% de Hidrogénio Verde, permitirá a distribuição transversal através da atual rede de gás, sem a necessidade de adaptação ou substituição de equipamentos dos consumidores finais.
Também na mobilidade, o Hidrogénio Verde tem dado passos sólidos para a sua viabilidade tecnológica e operacional, podendo afirmar-se como uma importante solução no futuro próximo, especialmente na vertente de veículos pesados.
Por esta razão o Hidrogénio Verde é um importante vetor energético para a estratégia global de descarbonização da atual infraestrutura de gás e da economia global, contribuindo de forma significativa para as metas de descarbonização definidas.
Especialmente relevante para setores com necessidades energéticas elevadas, como a indústria da porcelana e do vidro, bem como o setor de mobilidade, o Hidrogénio Verde apresenta uma oportunidade para diminuir consideravelmente as emissões de gases com efeito de estufa. A sua aplicação nestas áreas promete revolucionar a forma como as necessidades energéticas são satisfeitas, oferecendo uma alternativa verde e eficiente
No cenário da transição energética, o Hidrogénio Verde terá uma contribuição determinante. Estima-se que até 2050, poderá representar cerca de 40% do consumo total de gás em Portugal, evidenciando o seu papel vital na obtenção de uma rede de gás descarbonizada e na realização de objetivos ambiciosos de sustentabilidade a nível nacional.
O Hidrogénio Verde destaca-se não apenas como uma opção energética inovadora, mas como um pilar fundamental para um futuro mais verde e limpo. Com a sua produção sustentável e a capacidade de descarbonizar setores-chave da economia, para além da atual infraestrutura de gás, oferece uma rota eficiente e prática para atingir metas de sustentabilidade, marcando uma nova era na gestão de recursos energéticos.
A produção de Hidrogénio Verde é um marco tecnológico que reflete o compromisso com a sustentabilidade e a inovação no setor energético. Este processo inicia-se com a eletrólise da água, uma técnica avançada que separa as moléculas da água (H2O) em hidrogénio (H2) e oxigénio (O2). A chave para este processo ser considerado “verde” reside na utilização de eletricidade gerada através de fontes renováveis, como a solar, eólica ou hidroelétrica.
Na eletrólise, a água é colocada num eletrólito, uma substância que facilita a sua decomposição em hidrogénio e oxigénio sob a ação de uma corrente elétrica. Dois elétrodos, o ânodo e o cátodo, são submersos no eletrólito, conectados a uma fonte de energia renovável. Quando a eletricidade é aplicada, o oxigénio é liberado no ânodo, enquanto o hidrogénio é coletado no cátodo. Este método não só garante a separação eficiente dos elementos, mas também assegura que o processo seja livre de emissões de carbono, desde que a eletricidade utilizada seja de origem renovável.
Produzido através da eletrólise da água, utilizando eletricidade gerada por fontes de energia renováveis como solar, eólica ou hídrica. É o tipo de hidrogénio mais sustentável, uma vez que o seu processo de produção não emite dióxido de carbono. Uso: Ideal para contribuir para uma economia de baixo carbono, é usado em setores que requerem descarbonização, como transporte, indústria e geração de energia.
Também produzido a partir de hidrocarbonetos, principalmente pelo método de reforma a vapor de metano, mas sem captura e armazenamento de carbono, resultando em altas emissões de CO2. Uso: Amplamente utilizado na indústria, especialmente na produção de amoníaco e no refinamento de metais, sendo o menos amigável para o ambiente entre os tipos de hidrogénio
Produzido a partir da gaseificação do carvão, um processo que converte materiais carbonosos em hidrogénio. Este método é um dos maiores emissores de CO2 e outros poluentes. Uso: Tem usos industriais semelhantes ao hidrogénio cinzento, mas está a ser progressivamente substituído devido ao seu elevado impacto ambiental.
Obtido através da pirólise do metano, este processo divide o metano (CH4) em hidrogénio e carbono sólido. O carbono pode ser armazenado ou aplicado em diversas áreas de atividade, reduzindo assim as emissões de gases de efeito estufa. Uso: Ainda em desenvolvimento, promete ser uma alternativa mais sustentável, com potencial uso em diversas indústrias, incluindo a produção de energia limpa e materiais de construção.
O uso exclusivo de energia renovável na eletrólise é fundamental para classificar o hidrogénio produzido como “verde”. Este compromisso com fontes de energia limpas assegura que o ciclo de vida do Hidrogénio Verde seja sustentável, desde a produção até ao consumo. Ao integrar energia solar, eólica, ou de outras fontes renováveis, não só se promove a descarbonização da produção de hidrogénio, como também se fomenta a expansão e a adoção de energias renováveis globalmente.
A produção de Hidrogénio Verde destaca-se como uma solução promissora para alcançar uma economia de baixo carbono. Produzido com o recurso a eletricidade de fontes renováveis, o representa uma oportunidade vital para o futuro da energia limpa, com um potencial de utilização muito relevante, tanto na globalidade das atuais infraestruturas de gás, como para a indústria pesada e mobilidade. À medida que a tecnologia evolui e os processos se tornam mais eficientes, o Hidrogénio Verde está a caminho de se tornar um pilar fundamental na transição energética global, conduzindo-nos para um mundo mais verde, mais limpo e energeticamente sustentável.
Através da eletrólise da água, com recurso a energia renovável, a produção de hidrogénio verde gera não apenas um gás renovável pronto a ser injetado na rede de gás (como acontece já hoje no Green Pipeline Project, no município do Seixal), como produz também Oxigénio, que poderá ter várias aplicações noutros setores da economia. É assim uma dupla vantagem competitiva deste processo, com criação de 2 produtos de grande valor.
Impacto Ambiental Positivo: O Hidrogénio Verde, ao ser produzido através de fontes de energia renováveis, não emite dióxido de carbono no processo de produção, o que contribui significativamente para o combate às alterações climáticas, reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa.
Adaptabilidade: Pode ser utilizado numa variedade de setores, desde a geração de eletricidade até ao aquecimento de habitações e indústrias. Essa versatilidade permite que ele substitua combustíveis fósseis em aplicações em que outras formas de energia renovável podem não ser viáveis.
Independência Energética: O Hidrogénio Verde pode ser produzido localmente, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis importados e promovendo a segurança energética. Isso também ajuda a diversificar a matriz energética, tornando-a mais resiliente a choques externos.
Criação de Emprego: A indústria do Hidrogénio Verde tem o potencial de criar empregos, desde a produção até à distribuição e aplicação em tecnologias inovadoras. Isso estimula o desenvolvimento económico e apoia a transição para economias de baixo carbono.
Armazenamento de Energia: O Hidrogénio pode ser uma solução eficaz para o armazenamento de energia a longo prazo, ajudando a equilibrar a oferta e a procura em sistemas de energia renovável, onde a produção pode ser intermitente devido a condições meteorológicas.
Contribuição para Objetivos Globais: Alinhando-se com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, o Hidrogénio Verde é um caminho claro para reduzir a poluição, combater as alterações climáticas e promover uma energia acessível e limpa para todos.
O investimento em Hidrogénio Verde pode acelerar o desenvolvimento de tecnologias limpas e inovadoras, reforçando a liderança e competitividade em setores de alta tecnologia.
A adoção do Hidrogénio Verde oferece uma oportunidade única para transformar o nosso sistema energético, impulsionar a economia e proteger o ambiente. Ao investir nesta energia do futuro, estamos a dar passos significativos rumo a um mundo mais sustentável, equitativo e próspero.